O Corvo e o
Pavão
O
pavão, de roda aberta em forma de leque, dizia com desprezo ao corvo:
▬ Repare como sou belo! Que cauda, hein? Que
cores, que maravilhosa plumagem! Sou das aves a mais formosa, a mais perfeita,
não?
▬ Não
há dúvida que você é um belo bicho -- disse o corvo. Mas, perfeito? Alto lá!
▬ Quem
quer criticar-me! Um bicho preto, capenga, desengraçado e, além disso, ave de
mau agouro... Que falha você vê em mim, ó tição de penas?
O
corvo respondeu:
▬ Noto que para abater o orgulho dos pavões a natureza lhes deu um par de
patas que, faça-me o favor, deu um par de patas que, faça-me o favor,
envergonharia até a um pobre diabo como eu...
O
pavão, que nunca tinha reparado nos próprios pés, abaixou-se e contemplou-os
longamente. E, desapontado, foi andando o seu caminho sem replicar coisa
nenhuma.
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